E assim caminha a educação inclusiva

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Concordo que as coisas devem mudar e que como estão não podem ficar. Mas essa mania de achar que tudo pode ser resolvido da noite para o dia e sem discussões é irreal e seus resultados frágeis, logo pouco duradouros.

Em uma breve retrospectiva histórica sobre a educação de pessoas com deficiência, constatamos que na era pré-cristã havia ausência total de atendimento às pessoas com deficiência, marcado pela segregação, abandono, perseguição e eliminação, uma vez que sua condição “atípica” tornava legítima tal ação, logo aceita pela sociedade. A partir do século XIII, as coisas começaram a mudar, iniciando pela institucionalização das pessoas com deficiência, agora protegidas por instituições residenciais.

Do final do século XIX a meados do século XX ocorreu o desenvolvimento de escolas e classes especiais em escolas. Isso permitiu o desenvolvimento e a educação da pessoa com deficiência, ainda que segregados dos alunos classificados como “normais”, conceito esse que não gosto, pois concordo com Caetano Veloso quando ele diz que de perto ninguém é normal. Na década de 70, observou-se o início da integração social da pessoa com deficiência com o objetivo maior de integrá-la em ambientes educacionais o mais próximo possível daqueles oferecidos para indivíduos “normais”. O conceito aplicado nesse momento era o da educabilidade do potencial do ser humano.

Foi em meados dos anos 90 que as discussões sobre um novo modelo de escolarização da pessoa com deficiência tomaram corpo, a inclusão escolar. Indo de encontro, e não ao encontro, da integração escolar, ainda hoje, gera muitas discussões e controvérsias, o que, a meu ver, são absolutamente saudáveis para construção de uma educação realmente efetiva.

Não vou aqui novamente falar sobre os inúmeros benefícios da convivência heterogênea nas salas de aula, onde todas as diferenças são acolhidas, na troca de experiências e cooperação nas interações humanas.

Acredito também que leis, decretos e portarias que obriguem as escolas regulares a aceitarem alunos com deficiência e, portanto, com necessidades especiais, sejam a solução que buscamos ou o fator que modificará o cenário educacional. Isso garantiria apenas a presença física dos alunos, o que, em momento algum, é garantia de educação e inclusão. Pretendemos criar um futuro igualitário e não um local de permanência onde a única garantia será a estada de pessoas em um mesmo ambiente, sem a integração, cooperação e convivência igualitária.

Felizmente, tenho observado a mudança, ainda que a passos de tartaruga, de escolas inclusivas em ambientes de aprendizagem efetiva para TODAS as crianças, deixando de lado as velhas práticas que deixavam os alunos com necessidades especiais inseridos em salas de aulas regulares à margem das atividades propostas para as crianças “normais”. As diferenças individuais estão sendo discutidas em reunião de professores e pais e mestres, fingir que a deficiência não existe é tão discriminatório quanto reduzir a pessoa à sua deficiência.

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