Conta-se na Índia que certa vez, uma mãe procurou Gandhi com um pedido: que ele aconselhasse seu filho adolescente a parar de comer alimentos açucarados, pois o garoto sofria de diabetes e o hábito agravaria a doença. Após ouvir com paciência, o Mahatma apenas respondeu: “ volte daqui quinze dias”. Sem entender bem o porquê da estranha solicitação a mulher se ausentou retornando com o filho na data marcada.
Mais uma vez ouviu a mesma solicitação, voltou após quinze dias e já um tanto nervosa e impaciente retornou mais uma vez e outra sem que Gandhi lhe atendesse a solicitação. Quando ele finalmente recebeu o jovem, apenas olhou bem em seus olhos e disse com firmeza: – “filho pare de comer açúcar, pois isso irá matar você”. Quando deu o encontro por encerrado, a mãe irritadíssima argumentou: “se era apenas para dizer esta frase, por que o senhor não falou logo?
“-Porque até a semana passada, eu mesmo comia açúcar.”
Esta é uma preciosa lição que fala da força do exemplo. Para todos nós que levantamos a bandeira da inclusão das pessoas com deficiência vale lembrar que antes de exigirmos que a sociedade aceite a nossa dificuldade ou que respeite as diferenças e os diferentes, precisamos ver o quanto nós próprios entendemos, acolhemos e aceitamos as diferentes opiniões, as pessoas que têm deficiência de amor, aqueles que trazem a diversidade na forma de pensar e agir.
Afinal, ainda que o que acreditamos represente para nós a verdade, o correto, precisamos entender quem pensa diferente. Como posso querer que alguém aceite minha filha com autismo e seu jeito tão diferente de se comportar, se eu mesma fujo dos conflitos, quero impor minha opinião ou busco a uniformidade das posturas?
Que inclusão defendo, quando fico por aí julgando as pessoas que se vestem de uma forma para mim estranha ou que falam o que pensam? Se critico quem curte a música que não gosto, ou se reparo na criança que faz birra e foge aos meus padrões de educação?
O ponto de reflexão que sugiro para todos nós é este: aceitamos a diversidade que existe no mundo, ou apenas queremos que o mundo aceite a diversidade e inclua o nosso diferente?
Aceitar, acolher é apenas a compreensão colocada em prática e para isso é preciso verdadeiramente abrir a mente e o coração e finalmente entender a relatividade dos conceitos certo, errado, normal, melhor ou pior.
“Seja a diferença que você quer ver no mundo”. Gandhi