Autista, e daí?

Compartilhe:

Em 25 de fevereiro de 2015, o ator e comediante Fábio Porchat publicou um vídeo onde ele entrevista Nicolas Brito, um adolescente de 16 anos que é autista. Nesse bate papo aberto e franco o comediante tirou várias dúvidas que tinha a respeito do autismo.

Vamos falar um pouco de terminologia. Desde maio de 2013 não falamos mais em autismo, o termo deu lugar ao Transtorno do Espectro Autista. Tal mudança foi benéfica, pois todas as pessoas com o transtorno exibem alguns comportamentos típicos, principalmente os relacionados às dificuldades de comunicação, relacionamento social e dificuldades comportamentais – o que varia é a gravidade do mesmo. Portanto, o diagnóstico por gravidade é muito mais conveniente e apropriado que a segmentação desse quadro.

Do ponto de vista legal, em 27 de dezembro de 2012 foi sancionada a Lei n°12.764, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.  Através dessa medida, pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista passam a ser consideradas pessoas com deficiência. Você pode estar pensando "mas porque isso é tão importante?" Simples: a partir da data de secionamento da lei, eles passam a ter direito a todas as políticas de inclusão do país.

Do ponto de vista educacional, a lei assegura a esses cidadãos o direito de estudar em escolas regulares de ensino e, se preciso, solicitar um acompanhante especializado. Caso a matricula desses alunos seja recusada, o responsável fica sujeito às punições previstas em lei, sendo ela o pagamento de 20 salários mínimos e, em caso de reincidência, a perda do cargo.

Quando na escola o aluno com transtorno do espectro autista é integrado ao meio, ele deve participar de todas as atividades e socializar-se. Sim, eu sei, eles têm dificuldade de socialização, tem dificuldade em esperar, baixa tolerância à frustração e, e ,e, muitos outros “e’s” podem ser incluídos, mas para tantas outras crianças essas mesmas afirmações são validas, não é mesmo? Quantas crianças ditas normais tem essas mesmas características? Pois é, muitas. Então aqui vai o primeiro passo: não rotular. Devemos conhecer as características desse aluno, como fazemos com os demais, e sabermos quais conhecimentos eles detém para podermos estabelecer nossos objetivos.

Duas palavras são mágicas quando lidamos com essas crianças: afeto e motivação. O professor e os funcionários das escolas devem manter contato visual com o aluno, estimular que ele fale, propor brincadeiras em que a criança sinta-se inclusa. Mas como devemos falar com esses alunos? Use uma linguagem simples e clara.

Outro fator importante é saber qual ou quais são os centros de interesse da criança. Uma vez detectado tal centro, use-o a seu favor. Proponha atividades que utilizem tal instrumento. Devemos detectar qual o canal de melhor acesso ao aluno, isto é, ele entende melhor quando ouve, vê ou quando sente? Descubra, use e abuse, entre no mundo dele e depois expanda as possiblidades. A confecção de materiais com os centros de interesse da criança também é útil e motivadora, assim como a antecipação dos acontecimentos para diminuir o medo do desconhecido, deixando-a mais segura.

Sim, ele tem o Transtorno do Espectro Autista, e tudo bem, ele também é assim. Assim como tenho o pé chato, ele tem frieira, aquela outra criança ali tem hiperatividade, o outro é obeso, a outra é tímida, aquele ali tem dente torto, o outro que senta no fundo é desatento, aquela loirinha é surda, o menino da primeira fileira tem síndrome de Down. E tudo bem, estamos todos juntos e, que bom, somos diferentes, com características diferentes e, juntos, podemos ter diferentes possibilidades de crescimento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *