Diversidade nas telas

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O Brasil inteiro pode conferir as aventuras de Stalone, Marcio e Aninha, três jovens com síndrome de Down que fogem do internato onde vivem para buscar seus sonhos: ver o mar, voar e se casar. O enredo cheio de candura faz parte de Colegas, de Marcelo Galvão. O filme tanto agradou, quanto surpreendeu. Principalmente àqueles que esperavam uma história ancorada na temática da deficiência intelectual. Colegas traz um roteiro baseado na capacidade de sonhar, inerente a qualquer ser humano. Faz você sair do cinema mais leve…

Sensação parecida tive ao conferir o francês Os Intocáveis, que no passado moveu plateias do mundo inteiro para assistir a vida de Philippe, um homem de meia idade que ficou tetraplégico, após um acidente de parapente. Milionário e de difícil convívio com sua família, ele convoca muitas vezes ao ano candidatos para a vaga de cuidador. Em uma dessas seleções, contrata Driss, ex-presidiário, expulso de casa pela mãe e que só está atrás de cartas de dispensa para conseguir seu seguro desemprego e passar alguns meses sem ter de trabalhar. O grande barato do filme acontece quando as diferenças de cada universo não se chocam, elas fluem. Sem dedos, piedades ou preconceitos.

Ainda no universo da deficiência física, o filme As Sessões conta a vida de Mark O’Brien, um homem com seqüelas da poliomielite – desde então vivendo em um pulmão de aço- que ao se aproximar de seus 40 anos procura a ajuda de uma profissional para perder a virgindade. Neste caso, a terapeuta sexual ou "sex surrogate" (espécie de parceira sexual substituta). Ela o ajuda na missão e acaba marcando de maneira indelével a vida de ambos. Sem seguir o caminho para o dramalhão, o filme ruma a uma comédia romântica original.

Também abordando o sexo e a deficiência, dessa vez de maneira mais engraçada que lírica, o belga Hasta La Vista conta a história de três jovens com deficiência que amam vinho e mulheres, embora ainda não tenham desfrutado desse segundo prazer. Virgens e sob o pretexto de conhecer as vinícolas espanholas, Philip, Lars e Jozef embarcam em uma viagem com o objetivo de perder a virgindade. Baseado em uma história real, o filme que tinha tudo para cair na superficialidade, torna-se original por mostrar dentro da realidade de cada personagem e suas diferentes deficiências, o frescor das descobertas.

Brasileiro, francês, americano e belga. Em menos de dois anos, o cinema conseguiu, sob diferentes pontos de vistas e linguagem, fazer um belo recorte do universo das deficiências através de filmes que atingiram o grande público. E da maneira mais virtuosa possível: com inteligência, humor e sensibilidade. Todos esses roteiros, de alguma forma, são prova de que o olhar da sociedade, que tanto as pessoas com deficiência esperam mudar, vem de fato se transformando.  A sétima arte foi criada para provocar emoções distintas. Hoje, depois do choro pesado, vamos aos poucos provando que somos capazes de provocar risos.  Leves e sem condescendências.

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