Não gosto de generalizações. O ser humano não é tão simples a ponto de ser possível compartimentá-lo. Somos seres plurais e, como tal, temos diversas peculiaridades, ufa…..que bom….Dizer que todos surdos terão como futuro certo serem surdos mudos é tão cruel e irreal quanto dizer que todos os pacientes com paralisia cerebral não poderão andar.
O futuro de todos nós, com ou sem deficiência, dependerá das oportunidades que tivermos, aos estímulos a que formos expostos ou que recebermos. Se um surdo não for protetizado, não for exposto a nenhuma língua, seja ela oral, escrita ou a língua de sinais, se não fizer terapia fonoaudiológica, se não for para escola, ele de fato não falará, não aprenderá a escrever, não poderá se comunicar de maneira convencional que todos, ou que a maioria, o que um grupo social o entenda. Se o paciente com paralisia cerebral não fizer fisioterapia, não tentar se locomover e se ficar o dia inteiro sentado em uma cadeira ou deitado em uma cama de fato nunca poderá andar.
Talvez a diferença que iremos fazer no mundo dependa sobretudo das experiência somadas que iremos ter. Mesmo com os mesmos estímulos, dois indivíduos podem reagir de forma diferente e teremos como resultado final situações nada parecidas. As famílias são diferentes, a forma como as pessoas reagem às adversidades da vida são diferentes e não tem como o valor resultante ser o mesmo. Observe uma família com 3 filhos, cada filho é único, com características próprias, mesmo que criados nas mesmas condições. Por que com as pessoas com deficiência seria diferente? Algumas pessoas se adaptam melhor a determinados estímulos ou terapêuticas. O resultado acadêmico e o próprio desempenho físico e psicológico serão distintos. Não podemos comparar as pessoas, pois somos indivíduos.
E se no lugar de acharmos que sabemos o que é melhor para o outro e oferecermos a oportunidade dele ser exposto a todas as opções e poder fazer a escolha que ele acreditar como a correta? Podemos mostrar caminhos, mas decidir o que é melhor…não sei não. Se podemos escolher entre a camiseta branca e a azul, por que não podemos escolher coisas mais importantes como a forma de comunicação que usaremos, a propedêutica adequada para mim e o tipo de estimulação escolar a que mais me adapto? Claro, todos precisam ser aconselhados e direcionados, mas nunca obrigados ou rotulados.
Visões radicais me incomodam, falar TODOS não acho bacana, que tal trocar todos por A MAIORIA, mais simpático não é?