Mexendo o esqueleto!

Compartilhe:

Nem só de carteiras, lápis e papel vivem os alunos em uma escola, as aulas de educação física escolar constituem atividade fundamental na socialização e interação entre seus alunos. Assim como escreveu Daniel Limas em seu artigo “A importância da prática esportiva para pessoas com deficiência” para o site Vida Mais Livre, para pessoas com deficiência a prática de esportes oferece, além dos ganhos físicos, interação social, superação de limites e melhora da autoestima e posicionamento social.

Sendo tão grande a importância do esporte na vida de todos, por que muitas crianças com deficiência ainda permanecem em atividades auxiliares nas aulas de educação física? Por que algumas delas simplesmente são dispensadas da atividade esportiva? Sendo um dos objetivos da atividade física a socialização, o que deixa implícito o respeito, a aceitação, a solidariedade e o cooperativismo, porque ainda é negado o direito de participação nas aulas para muitas pessoas com deficiência?

Arrisco algumas respostas. A inclusão de pessoas com deficiência é sempre multifatorial. Poucas unidades de ensino oferecem possibilidades de seu corpo docente realizar cursos de reciclagem para capacitação. O número de alunos por sala, a eliminação de barreiras arquitetônicas, o apoio da sociedade e da família, a adequação curricular e da metodologia de ensino, os recursos didáticos empregados e o sistema de avaliação sempre devem ser considerados e analisados para que o processo de inclusão ocorra de forma natural e consistente. Infelizmente, para grande parte das instituições de ensino inclusivas, tais medidas ainda pertencem ao futuro. E até que esse futuro aconteça muitos alunos com deficiência continuarão com seus cronômetros e apitos em mãos ou com licença para não frequentarem as aulas de educação física por “alteração física impeditiva”. Oi??

Incluir pessoas com deficiência nas escolas vai muito além de tê-las no mesmo ambiente, é preciso oferecer oportunidades iguais, ainda que com as diferenças. A resolução 3/87 do Conselho Federal de Educação prevê que o graduando atue com pacientes com deficiências e necessidades especiais. Mas e os formados antes disso? Reciclar conhecimento é preciso…

Felizmente várias pessoas se preocupam com a inclusão de pessoas com deficiência através do esporte. Muitos projetos espalhados pelo país visam a melhor qualidade de vida dessa parte da população pelo oferecimento de práticas esportivas.

Nesse final de semana, em Santos, Cisco Araña, surfista coordenado e professor da Escola Radical de Surf, lançou uma prancha multifuncional que ajudará pessoas com deficiência a surfarem. Esse projeto é continuação do projeto iniciado em 2007 para pessoas com deficiência visual, batizado de Projeto Sonhando com as Ondas. Apesar dos excelentes resultados obtidos com pessoas com deficiência visual, ele mostrou-se limitado para outras patologias.

E como em uma história com final feliz, neste ano a prancha que atende a pessoas com limitações físicas ficou pronta. A prancha é composta por módulos removíveis, chamados de steps, que irão auxiliar na acomodação do corpo, incluindo o levantamento do tórax, apoio do queixo, encaixe para o quadril e adaptação para os braços. A prancha, além de acomodar perfeitamente, ainda muda a perspectiva de olhar o mundo sobre as ondas.

Nesse mesmo dia foi lançado o Núcleo de Terapia com Pranchas de Surf Adaptadas para Pessoas com Deficiência, onde serão oferecidas aulas para pessoas com deficiência.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *