O que vem primeiro: programas inclusivos ou transformação cultural?

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Muito se fala em realizar ações afirmativas, manifestos, planos de ação e programas inclusivos. Discute-se, ainda, as melhores nomenclaturas ou se a diversidade deveria se tornar um novo subsistema de recursos humanos dentro das organizações. Considero cada uma destas discussões válidas e me dedico a elas com atenção e cautela. Me pergunto qual será o momento em que todo o conhecimento já acumulado em publicações acadêmicas, cartilhas e manuais governamentais, e relatórios de órgãos nacionais e internacionais será assimilado e transformado em consciência e sabedoria.

O “Relatório mundial sobre a deficiência”, publicado em 2011, pela Organização Mundial de Saúde, ainda não foi assimilado a ponto de ser uma consciência ativa e disponível comumente na humanidade. Se sairmos desse macrocosmo e formos para um microcosmo dentro de uma organização corporativa, também enfrentamos e ainda enfrentaremos, por algum tempo, as barreiras atitudinais dos indivíduos.

Imaginem duas retas paralelas que caminham infinitamente, sem se cruzar. A primeira delas são os programas de inclusão e diversidade, impulsionados pela lei de cotas – lei 8213/91. A outra, é o paradigma cultural vigente na sociedade ou em uma organização. Em minha visão, para obtermos sucesso, precisamos enxergar a inclusão de pessoas com deficiência como algo mais amplo, que compreenda ao menos suas esferas sociais e culturais. Além disso, o trabalho de transformação e dissolução das barreiras atitudinais é extremamente importante, pois, sem ele, por melhor que seja o programa, não haverá aderência.

E é na esfera cultural que moram o preconceito e a discriminação. Tal transformação do paradigma cultural deve florescer de programas de educação e comunicação. Quando a deficiência e a diversidade forem vistas e revistas exaustivamente, elas se tornarão comuns, portanto, pertencentes, e não mais à margem.

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