Uma história de sucesso!

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Fabiana é uma jovem com deficiência auditiva de grau profundo. Ao terminar o ensino médio, seus pais, seus maiores incentivadores, perguntaram o que ela faria, pois não queriam que ela parasse de estudar. Após explicarem para Fabiana o que era uma universidade, surgiu a próxima pergunta, mas o que fazer? Mais uma vez seus pais a ajudaram, mas dessa vez contaram com a colaboração da psicopedagoga do curso preparatório para vestibulares que estava frequentando.
 
Por ser surda, Fabiana achava que não poderia ser profissional da saúde, mas tinha certeza que gostaria de ter uma profissão que pudesse ajudar outras pessoas. A psicopedagoga explicou o que diferentes profissionais da saúde fazem, e dentre toda a gama de possíveis profissões Fabiana se encantou com a Fisioterapia e depois de saber que sua avó voltou a andar após sessões de fisioterapia, teve certeza que era esse seu destino.
 
Próximo passo, o vestibular.
 
No vestibular havia um intérprete de Libras, que explicou aos candidatos o que deveria ser feito na redação. Fabiana foi aprovada e as aulas começaram.
 
Os primeiros dias de aula, ela caloura e como toda caloura um tanto perdida naquele novo ambiente, com novos amigos, novos professores e novos desafios, para ela desafios um pouco maiores, pois ela ainda precisava vencer a barreira da diferença. Mas….cadê os intérpretes de Libras? Após questionar o coordenador do curso sobre tais profissionais e ter como resposta que a universidade não contava com intérpretes em seu quadro de funcionários, Fabiana explicou que os professores não conseguiam ficar parados na sua frente para que ela pudesse realizar leitura orofacial.
 
A universidade mobilizada com a questão levantada pela aluna iniciou um fórum de discussão sobre a inserção das pessoas com deficiência no ensino superior. Como resultado, uma psicopedagoga foi contratada para auxiliar os professores. Entretanto, as dificuldades continuavam e foi sugerido que uma outra aluna de sua sala a acompanhasse. Inicialmente a ajuda foi satisfatória, entretanto as dificuldades sentidas durante as aulas persistiam. Em parceria com o curso de Fonoaudiologia da universidade foram selecionadas alunas deste curso como intérpretes.
 
Após a entrada das intérpretes o relacionamento entre Fabiana e seus professores melhorou significativamente, pois a barreira da comunicação havia sido quebrada. A melhora no desempenho acadêmico da aluna pode ser visto em suas notas, mas o que foi mais importante, seu entendimento durante as aulas, sua escrita, sua leitura e sua organização também sofreram grandes mudanças positivas.
 
A grande vitória atingida foi o reconhecimento da melhora do desempenho não só em relação a notas, mas também nos trabalhos apresentados e nas atividades propostas. A sensibilização dos professores pode ser notada quando estes pararam de olhar apenas números traduzidos em notas, mas passaram a ver todas as qualidades da aluna e passaram a levar em conta suas inteligências múltiplas.
 
A intérprete, por ser estudante de Fonoaudiologia, pode intervir em vários momentos, orientando os professores sobre a deficiência auditiva e suas consequências no processo de aprendizagem, sobre a função do aparelho de amplificação sonora individual e seus limites e mostrando as diferentes possibilidades de abordagem para auxiliar na aprendizagem das pessoas com deficiência auditiva.
 
Ah, esqueci de falar dos outros alunos da sala, todos, desde o princípio do curso, sempre ajudaram Fabiana, emprestando seus cadernos com anotações, por exemplo. Fabiana os reproduzia para poder refazer o material que ela própria havia anotado. Como agradecimento à ajuda prestada por seus colegas, Fabiana propôs ensinar Libras a eles. Com a ajuda de um professor, uma sala de aula foi reservada e durante o horário do almoço e uma vez por semana Fabiana ensinava Libras a seus colegas.
 
Enfim….a formatura. Fabiana formou-se com os mesmos colegas que ingressaram com ela na faculdade com muito sucesso e reconhecimento de todos seus professores e amigos.
 
Hoje, Fabiana está trabalhando, é uma fisioterapeuta excelente e exerce com muito amor e carinho sua profissão.
 
* Fabiana é o nome fictício criado para narrar uma história real.
 
Não posso deixar de agradecer Ana Carolina dos Santos Ferreira, a Nina. Minha querida ex-aluna, fonoaudióloga e intérprete de Libras que com muito amor e carinho trabalha arduamente pela inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. Esse texto nasceu a partir do seu belíssimo trabalho de conclusão de curso.

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