Enfim, o pote de ouro do final do arco-íris

Idealizamos pessoas, idealizamos cenas, idealizamos a vida. Sonhamos. Criamos expectativas e, muitas vezes, nos decepcionamos com o resultado final. Tentamos novos caminhos e novas rotas até que um dia o arco íris se faz, logo depois da tempestade.

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Idealizamos pessoas, idealizamos cenas, idealizamos a vida. Sonhamos. Criamos expectativas e, muitas vezes, nos decepcionamos com o resultado final. Tentamos novos caminhos e novas rotas até que, um dia, o arco-íris se faz, logo depois da tempestade. E, nessa busca por situações e pessoas ideais, buscamos, muitas vezes, alunos ideais. Mas vou falar uma coisa que pode chocar muitos desavisados de plantão: eles não existem. O que temos são alunos possíveis. Esses sim, são reais.

Assim que vejo a inclusão: como um sonho a ser conquistado. O caminho a ser percorrido não é fácil, é cheio de curvas acentuadas, subidas íngremes e chão de cascalhos. Há quem diga, impossível de ser atingido. Acredito que ainda estejamos buscando os caminhos e que, um dia, o arco–íris aparecerá e, no seu final, teremos o tão sonhado pote de ouro.

Nesse ano, demos um importante passo: em janeiro, a Lei Brasileira de Inclusão entrou em vigor e passou a beneficiar, diretamente, 45 milhões de brasileiros com algum grau de deficiência e, indiretamente, 201 milhões de brasileiros.

Do ponto de vista educacional, a Lei prevê multa e até cinco anos de prisão para quem negar vagas para pessoas com deficiência. Vale lembrar que, antes do estatuto, era ilegal negar vagas para pessoas com deficiência; agora é crime. Não somente negar vagas é crime: cobrar taxas extras para aceitar alunos com deficiência é igualmente crime e passível de punição.

O que mais causa espanto é a razão pela qual as escolas recusam a matrícula de crianças com deficiência: a falta de preparo para recebê-los. Essa desculpa é apenas uma desculpa estapafúrdia. A inclusão de pessoas com deficiência em escolas comuns está prevista há 26 anos, tempo mais que suficiente para que as instituições se preparassem para recebê-las.

Para que o processo de inclusão seja efetivo, precisamos parar de olhar a patologia e passar a olhar a criança. Mais importante que aparatos tecnológicos, recursos materiais mirabolantes, a formação de pessoas é fator determinante. Aqui, não falo somente dos professores; falo de todo o staff escolar.

E, por falar nos professores, muitos dizem não ter tido a formação básica sobre as diferentes patologias (sempre elas), o que torna impraticável a inclusão de alunos com deficiência. Logo, o problema é de projeto pedagógico dos cursos de licenciatura. Então, já temos uma pista de onde mudanças devem ser realizadas.

É importante lembrarmos que conviver com a diferença não é somente um privilégio – é um direito das pessoas com deficiência. Digo mais: é um direito e um privilégio de todos. O aprendizado é diário e é em mão dupla. O amadurecimento é de todos. A inclusão irá favorecer o pleno desenvolvimento do potencial de cada indivíduo, irá desenvolver o senso de dignidade e autoestima, o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade.

Não é mágica, não é ilusão, não é truque. A inclusão requer esforço de todos os envolvidos, logo, de toda a sociedade. E, como em tudo na vida, teremos ônus e bônus do processo de inclusão. Contas serão pagas e os lucros serão colhidos por todos.

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