Com a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15), tornou-se obrigatória a acessibilidade nos sites mantidos por empresas com sede ou representação comercial no país, assim como naqueles mantidos por órgãos públicos (art. 63). Sem dúvida alguma, a imensa maioria dos sites em operação no País precisa de ajustes dessa natureza. Pensemos, como exemplo, no segmento do comércio eletrônico.
Em 2015, as vendas do e-commerce nacional tiveram um crescimento de 15,3%, em comparação com 2014, alcançando um faturamento de R$41,3 bilhões [1]. Segundo Rodrigo Borer, CEO da Buscapé Company, citado no Relatório Webshoppers, da E-bit, referindo-se ao primeiro semestre de 2015, “o e-commerce ainda continua crescendo a taxas muito mais elevadas que o PIB brasileiro e duas vezes mais do que o varejo tradicional.” No mesmo estudo, chama a atenção ainda a constatação da crescente importância do universo mobile para o comércio eletrônico.
Garantir acessibilidade nos sites da Internet envolve adaptá-los a uma série de regras de programação internacionalmente aceitas e seguidas, com foco em propiciar que pessoas com qualquer tipo de deficiência possam usar a web, que possam “perceber, entender, navegar, interagir e contribuir para a web.” [2] Vale lembrar: quando falamos em acessibilidade na web, temos em mente torná-la acessível a públicos com diversas espécies de deficiência: visual, auditiva, motora etc.
Vale lembrar também: como mencionado na nossa coluna anterior, ao tratarmos de temas relacionados a pessoas com algum tipo de deficiência, estamos falando de praticamente um quarto da população brasileira (mais de 45 milhões de pessoas).
Ciente do tamanho do desafio de adaptação que nosso mercado tem pela frente, o nic.br e o cgi.br têm organizado, anualmente, o “Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web – Todos@Web”, com o objetivo de conscientizar o mercado quanto à importância de uma web acessível para todos, já que, segundo Reinaldo Ferraz, coordenador do Grupo de Especialistas em Acessibilidade na Web do W3C Brasil, “infelizmente, boa parte das páginas desenvolvidas não seguem padrões Web e muito menos padrões de acessibilidade, o que inviabiliza o acesso à informação por pessoas com deficiência permanente ou temporária.” [3]
Para empresas e organizações dos mais diversos segmentos, tornar a web acessível a esse um quarto da nossa população, mais do que ‘apenas cumprir uma lei’, certamente significará abrir as portas a um universo novo e extremamente relevante de negócios. As oportunidades nesse campo, como se pode ver muito claramente, multiplicam-se – e todos ganham com isso.
[1] Informação capturada online, em 20 de janeiro de 2016, no endereço: http://www.profissionaldeecommerce.com.br/vendas-no-e-commerce-em-2015/
[2] Cartilha “Acessibilidade na Web – W3C Brasil”. Disponível em: http://www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/cartilha-w3cbr-acessibilidade-web-fasciculo-I.html
[3] Informação capturada online, em 20 de janeiro de 2016, no endereço: http://cgi.br/noticia/releases/inscricoes-abertas-para-o-premio-nacional-de-acessibilidade-na-web/