A quem pertence a deficiência?

Compartilhe:

Estamos acostumados a olhar uma pessoa com deficiência e pensar coisas do tipo: "Nossa, olha como é dura a vida dele", "Coitado", "Que problema difícil…". As pessoas com deficiência – e me incluo aqui – não escolheram possuir ou adquirir qualquer deficiência. Ela faz parte de nós e deve ser levada em conta.

Costumo dizer que possuir uma deficiência física – no meu caso – significa acordar pela manhã e checar rapidamente o nível de combustível (energia) corporal com que acordei. Ali mesmo, antes de me levantar, já descubro e planejo meu dia. Se, por acaso, acordar com uma dor muscular, já sei que será impeditiva ou reduzirá minha capacidade de ir e vir naquele dia.

Mas as pessoas sem deficiência não pensam nisso. Quem memoriza todos os caminhos, tipos de piso e faz rotas antes de caminhar? Se você respondeu 'o Waze', errou feio. São as pessoas com deficiência. Isso porque o custo de deambular é tão alto que não posso me dar o luxo ao desgaste de caminhar mais quando não há necessidade.

Até aqui, é possível que você ache que, como não se encaixa na descrição, não estou me referindo a você. Mais uma vez, errado. Possuindo ou não uma deficiência, você é corresponsável. Seja pelo caminho que fará ao andar com  uma pessoa com deficiência ao seu lado ou pelas decisão que toma ao usar uma vaga que não lhe pertence – ainda que por um minutinho -, e ao ensinar seus filhos sobre o que é deficiência. Até mesmo a planejar um espaço de circulação coletivo, como shoppings, supermercados, prédios, bancos e empresas.

Erradicar a deficiência não será possível, pois não se trata de uma doença, e sim de uma condição humana. Mas, com certeza, podemos reduzir muitos casos de deficiências adquiridas se difundirmos informação. Qual? Sobre segurança no trânsito (acredite – acidentes de trânsito são a maior causa de deficiência no Brasil), segurança no trabalho, sobre um pré-natal adequado, etc.

Dessa forma, as causas e os casos reduzirão. Dalí em diante, podemos fazer a deficiência "sumir" e "se dissolver" toda vez que eliminarmos barreiras físicas, atitudinais, comunicacionais e sociais. Ao promover relações, promovemos inclusão de fato.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *