O famoso médico neurologista e escritor Oliver Sacks certa vez disse que “falamos não apenas para dizer aos outros o que pensamos, mas para dizer a nós mesmos o que pensamos”.
Quando recebemos esse convite para escrever para o portal, foi essa frase do famoso neurologista que me veio à mente. Compartilhar com outras pessoas, por meio da escrita, a nossa experiência será como recontar, para mim mesma, toda essa vivência de erros e acertos, e acredito que, sem dúvida, será muito gratificante.
Ao longo da minha vida, tive contato com muitas pessoas com deficiência, mas esse tema entrou de verdade na minha vida pessoal e profissional quando tive a oportunidade de trabalhar na primeira Secretaria da Pessoa com Deficiência criada no Brasil, em 2005. Depois, estive na Câmara Municipal e depois na Câmara dos Deputados.
De lá pra cá, tive a oportunidade de ver, acompanhar e fazer parte de muitas conquistas vivenciadas pelas pessoas com deficiência. Vi crescer o número de ônibus acessíveis que saíram praticamente do zero para alcançar quase 100% da frota em muitas cidades. Acompanhei as diversas campanhas incríveis sobre respeito às diferenças. Estive na torcida e me envolvi com a chegada de recursos como a audiodescrição, acompanhei a luta dos profissionais intérpretes de LIBRAS pelo reconhecimento da profissão, entre muitas outras.
Acredito, na verdade, que o mais bacana de todos esses 11 anos trabalhando em prol da inclusão foram as pessoas que cruzaram meu caminho. Mais que parceiros de trabalho, muitos deles se tornaram amigos que estão comigo até hoje. São pessoas com e sem deficiência, homens e mulheres, de idade variadas, mas a maioria com a mesma característica: o engajamento pela causa.
Inclusive, eu comecei o artigo falando na primeira pessoa do plural e não foi por um erro gramatical, mas porque esse será um espaço compartilhado com um desses amigos de vida que encontrei nesta trajetória. O Rafael Públio, que atualmente é meu sócio na Santa Causa, uma empresa que nasceu para dar continuidade a esse trabalho que amamos fazer, vai dividir comigo este canal.
A ideia será contribuir relatando um pouco da nossa vivência e das coisas em que acreditamos, e esperamos poder receber um retorno sobre esses relatos. O feedback dos leitores será essencial para construirmos mais saberes e experiências. Então venha conosco, porque a inclusão não é uma via de mão única, e precisamos estar sempre em movimento para que ela aconteça.