Saiu na mídia

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Filipinas, Quezon City (https://www.zomato.com/pt/manila/puzzle-gourmet-store-caf%C3%A9-blue-ridge-quezon-city). Mãe abre café para seus seis filhos, incluindo José, que é autista. Além de proprietário, José ainda trabalha como garçom. Após a abertura do café, as mudanças na vida de José foram para melhor. Por isso, a família empregou outras pessoas com autismo no local para trabalharem como garçons, pessoas com síndrome de Down e paralisia cerebral fazem treinamento. Na cozinha, um dos assistentes é autista. O Puzzle Café transforma vidas, modifica histórias. Claro que nem tudo são flores. Alguns clientes se incomodam quando têm dificuldade de comunicação com os garçons (lembrando, eles são autistas). Mas esse é um importante passo na aceitação da diferença. Há quem negue a diferença, simplesmente fingindo que ela não existe. Esse comportamento é tão excludente quando enxergar somente a diferença no outro. A irmã de José, Ysabella, estudou educação especial e hoje ajuda na administração do café. Uma fonoaudióloga criou esquemas que auxiliam os funcionários na realização de suas obrigações, instruções essas que vão desde como cumprimentar os clientes até como preparar o waffle ou o suco de limão.

Itália, Asti (http://www.albergoetico.asti.it). Um hotel cujo atendimento é realizado exclusivamente por jovens com Síndrome de Down. O protagonista dessa história é Nicolás, um jovem com síndrome de Down que teve sua vida transformada após um estágio no restaurante em Tacabando, em Asti. Para que a transformação continuasse, surgiu a ideia de abrir outros espaços para gerar novas possibilidades de integração dos jovens e das famílias que convivem com a síndrome de Down.

Semana de moda em Nova Yorque. Madeline Stuart é a primeira modelo com síndrome de Down a desfilar. Madeline é australiana e cultivava um sonho: ser modelo. Assim como milhares de outras jovens que sonham com as passarelas, Madeline também tinha problemas com a balança, que sempre marcava muitos quilos a mais que os desejados para modelos. Esse “pequeno” detalhe não fez com que a jovem sonhadora desanimasse. Ela se matriculou e começou a frequentar (o que fez toda a diferença) aulas de natação, começou a jogar críquete num time paraolímpico e fez aulas de cheerleader e hip hop. Sabe o quanto isso mudou na balança? Modestos (até parece) 20 quilos. Sua estreia nas passarelas foi no dia 13 de setembro. Agora é sentar e aplaudir essa nova top model que está surgindo no mundo fashion.

Saulo sempre foi “diferente”. Ainda quando ele era bebê, sua mãe percebeu que ele não era como as outras crianças. Ele apresentava dificuldades em se relacionar com outras pessoas, era isolado, agressivo, violento. Entretanto, ao ouvir o primeiro acorde de uma música, ele parou para ouvir. Ele entrou em contato com o mundo. A música trouxe a paz de que ele precisava para ter contato com esse mundo maluco em que vivemos. Sua mãe trouxe a segurança, sempre tão necessária para a entrega. Ele estudou piano e seu desempenho foi sensacional, muito superior a outros alunos. Saulo tem ouvido absoluto, identifica com precisão cada nota musical que ouve. Sua alfabetização ocorreu em casa e, em 2011, fez ENEM e foi aprovado para o curso de música na UFRJ, que apostou na inclusão. Saulo é protagonista da ópera “O professor de música”, e a característica aguda de sua voz conferiu a ele a posição de tenor. Algumas adaptações se fizeram necessárias, sobretudo da comunicação de Saulo com a orquestra, mas nada que tirasse o brilho do espetáculo. Diante de um público de 4.000 pessoas, Saulo fez sua apresentação. Aplausos, muitos aplausos. Eu peço BIS.

Acho incríveis essas histórias de sucesso, mas sonho com o dia em que tais histórias sejam corriqueiras, em que não precisemos ter manchetes de jornais anunciando que pessoas com síndrome de Down se casam ou administram uma loja de discos na Galeria do Rock, ou que o executivo responsável pelas contas do KM9X Bank, que é autista, fez a empresa crescer n% nesse ano. Sonho com uma sociedade onde esses fatos façam parte do dia a dia, que eles sejam o normal, e não a exceção. Quero que todos se olhem com possibilidades e não com dificuldades a serem vencidas. Todos têm dificuldades. Que atire a primeira pedra quem não as tenha. Não fui manchete quando passei na FUVEST ou quando me formei no curso de fonoaudiologia da UNIFESP. Eu estou dentro de um padrão: sou loira (na verdade, acho que, pelo fato de eu ser loira, logo “burra”, eu poderia ter sido manchete em algum tabloide por aí…), tenho olhos verdes, sou de família classe média, tudo dentro de um padrão, tudo dentro do que a sociedade espera. Por que não enxergar que as pessoas com deficiência, assim como as ditas “normais”, têm as mesmas possibilidades? As diferenças existem, mas por que não fazer com que elas fiquem menores com investimento em educação de qualidade e reais possibilidades de inserção no mercado de trabalho? O direito ao trabalho, à saúde e educação é de todos…

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