Seja diferente, aceite as diferenças!

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Ouvi este depoimento de um professor de música que trabalha com crianças especiais: “A mãe chegou querendo que o garoto aprendesse a tocar violino, mas ele não tinha a mínima condição… aquele era o sonho dela. Ao ver ele se frustrar por não conseguir, lhe dei uma baqueta e ele arrasou na bateria. Contrariei as expectativas, mas foi o que deu certo”.

Nós, os pais de crianças especiais, temos diante de nós o desafio de fazer para outra pessoa, o que temos dificuldades em fazer para nós próprios: as escolhas que definem as nossas vidas. Precisamos nortear a vida de um outro indivíduo que a despeito de sua deficiência tem uma personalidade, gostos, tendências e vontades diferentes das nossas. Dependendo do grau de comprometimento do indivíduo em questão, não podemos sequer afirmar qual seria seu desejo, o que ele escolheria se estivesse em pleno domínio de seu potencial físico e mental.

Isso torna algumas decisões muito dolorosas, como por exemplo, quando se faz necessária uma interdição judicial, ou a opção por tratamentos médicos invasivos ou mesmo quando precisamos escolher se ele deve conviver com pessoas com deficiência em uma escola especial ou enfrentar o desafio de ser diferente em uma escola formal. E assim sucessivamente, fazemos escolhas para uma outra vida que, assim como acontece com a nossa, jamais saberemos se foi a escolha melhor.

Embora o que nos oriente seja a felicidade do nosso filho, é preciso saber diferenciar se o que escolhemos é um desejo dele ou o nosso. Isso porém, torna necessário um bom senso e uma autocrítica que nem sempre dispomos em nossa bagagem emocional. É doloroso pensar que escolhemos algo que nos frustra no futuro, imagine escolher um caminho que não traga para seu filho especial a felicidade que você supunha!

É por isso que diante deste e de tantos outros desafios uma família inteira pode se desestruturar, e é por isso também que uma rede de apoio precisa ser formada em suporte a estas pessoas. Por isso, se no Brasil da política mal feita, uma rede profissional não seja sequer projeto dos governos, seria fantástico podermos contar com uma rede social, formada por nós mesmos enquanto sociedade que somos, interdependentes, responsáveis também pelo bem comum.

A solidariedade se fazendo presente em atitudes acolhedoras e compreensivas já seria para a família de um especial um suporte e tanto. Ao invés disto, lutamos com nossas incertezas, sustentamos as escolhas possíveis, lidamos com uma culpa injustificável e, além de tudo isso, falta-nos estrutura de atendimento e o mais básico: a informação da sociedade que mais discrimina do que inclui.

Seja você, querido leitor, um disseminador do respeito às diferenças. Façamos a nossa parte acolhendo aqueles dos nossos que necessitam de suporte para fazer valer o seu valor, lembrando que uma deficiência, seja de que natureza for, afeta uma família inteira. A forma que irá afetar a nossa família social depende diretamente da nossa postura individual, por isso seja diferente, aceite, acolha, respeite, inclua e valorize o diferente.

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