Turismo acessível é possível no Brasil?

Em tempos de crise, muitas cidades no Brasil estão buscando acessibilidade e alternativas inclusivas para fomentar o turismo.

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No final do ano passado, participei de um evento sobre educação inclusiva e turismo acessível na cidade litorânea de Armação de Búzios no Rio de Janeiro (RJ). A iniciativa é do Projeto Destino Educação 2016 e foi realizada pela Revista Serra & Mar. Foi muito interessante e um grande sucesso. Nos dois dias de evento, participei de palestras, mesas redondas, apresentações, maquetes sensoriais etc., além de ter contato com pintores que criam artes com a boca e com os pés. Muito se falou em educação inclusiva, mas meu foco neste papo com vocês hoje é falar sobre turismo acessível.

Em tempos de crise, muitas cidades no Brasil estão buscando acessibilidade e alternativas inclusivas para fomentar o turismo. Resende, Búzios, Vassouras e tantos outros municípios, só no estado do Rio de Janeiro, já deram o pontapé inicial, seja pela rede hoteleira e iniciativa privada em geral, seja pelo poder público.

Fato é que muitos problemas e dificuldades tornam este caminho ainda tão difícil. Seja pela falta de recursos ou pela falta de apoio, o turismo ainda não é acessível em nosso país. A maior reclamação dos empresários do setor ainda é de que o custo é alto e que o poder público não apoia as iniciativas e nem faz a sua parte. Alguns empresários me disseram: “Mas se não tivermos calçadas adequadas, transporte público acessível e apoio do poder público na orientação sobre normas, legislação e preparação de mão de obra, de que adiantará o hotel ou restaurante ser acessível por dentro?”

Boa pergunta, eu acho. Mas não devemos parar as ações e esforços só para esperar o poder público fazer sua parte. Temos que iniciar por algum lugar.
Uma outra dúvida constante é em relação ao custo. José Fernandes Franco, dono e idealizador de vários empreendimentos turísticos acessíveis na cidade de Socorro – SP e arredores, destacou em uma palestra para o Congresso de Acessibilidade em 2015 que o custo de um quarto totalmente acessível é, em média, 15% maior do que um quarto comum, sem acessibilidade. Portanto, ressalto que o custo não é tão alto que se torne impeditivo para um projeto de acessibilidade. Entretanto, sabemos que criar um espaço do zero é menos problemático do que tornar acessível um espaço já construído. Mas nada é impossível!

É importante conhecer as leis e as normas ABNT para que tudo se torne mais fácil. Acredito que seja melhor contratar um consultor ou uma empresa que seja especializada na área. Além de leis, normas técnicas e toda a parte física e estrutural, temos que pensar na parte humana. Não bastam rampas, banheiros adaptados ou informações em braile. É primordial que os profissionais que atuam na área sejam preparados para lidarem com as situações difíceis, para atender com qualidade, sem preconceito e sem medo.

Eu já realizei, em diversos estabelecimentos, oficinas sensoriais que têm o objetivo de demonstrar as situações, colocar os profissionais em momentos de atendimento e também na posição de quem é atendido para que possam compreender as necessidades e as dificuldades dos turistas com deficiência, idosos, grávidas, mães com bebês etc. Posso garantir que os resultados são incríveis!

Empresários do setor e turistas devem conhecer o Programa Turismo Acessível, do Ministério do Turismo, para promover a acessibilidade no turismo e a inclusão dos turistas com deficiência. O objetivo é que o Brasil se torne um país em que todos possam viajar com segurança e acessibilidade.

O programa oferece um Guia online, do turismo acessível. Por meio dele, é possível pesquisar locais acessíveis. Se uma pessoa quer visitar uma cidade, pode verificar se ela possui acessibilidade, ler as avaliações de outros turistas e ainda avaliar.

Vamos tornar nossas cidades acessíveis?

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